Sonhos, novo filme do diretor Michel Franco, usa de romance e subtextos para criticar a sociedade americana, mas será que consegue?
Na história: após cruzar a fronteira a fim de ficar com a socialite por quem está apaixonado, um jovem bailarino mexicano precisa enfrentar dilemas e preconceitos de uma sociedade enquanto tenta prosperar com sua arte.
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Subtexto e Confronto: A Metáfora México vs. EUA
O subtexto talvez seja a forma mais difícil de se trabalhar uma história, principalmente porque ela exige do espectador ter conhecimentos prévios de mundo e mesmo da sociedade. Sonhos usa de um imigrante e de uma socialite para exemplificar a relação entre o México e os Estados Unidos. Enquanto o imigrante é visto como alguém que se esforça, trabalha e busca seus objetivos, a socialite é representada como alguém superficial que usa do dinheiro e das suas influências para parecer mais importante do que de fato é.
O filme ainda usa de jogos de câmera e, principalmente, cenários e figurinos para exemplificar os sentimentos entre os personagens. Ao ver a ascensão do imigrante, a socialite interpretada por Jessica Chastain é vista com a câmera de cima para baixo como uma forma de mostrar como ela vem se sentindo inferior à ascensão do personagem de Isaac Hernández, um exemplo de como cada detalhe do filme é milimetricamente pensado.
Apesar da genialidade da metáfora, o filme peca em se perder em sua própria metáfora. Por ser uma obra visual, muitos detalhes estão nas imagens que, caso não sejam vistas com atenção, podem prejudicar o entendimento da obra. Isto piora quando a falta de diálogos em momentos cruciais para o entendimento são apresentadas. O filme explora a máxima, mostre, não fale, porém, exagera na regra, ao ponto de prejudicar a própria interpretação dos atores em cena, em alguns momentos.
Conclusão
Sonhos é uma obra importante como arte que merece seu lugar na história do cinema, principalmente por conseguir usar bem o subtexto para discutir assuntos importantes, porém é uma obra que não é recomendada para todos. Certamente um longa que valeria ver em um festival de cinema ou mesmo em uma exibição em museu, mas que é difícil recomendar para o grande público que busca somente uma diversão e entretenimento de fim de semana.
