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Os homens que não amavam as mulheres

Facadas e Motosserras, e a Suécia Desnuda de Larsson

Se Stieg Larsson resolvesse escrever Os Homens Que Não Amavam as Mulheres hoje, provavelmente seria cancelado no Twitter antes mesmo de publicar. Mas em 2005, o autor sueco deu um murro na mesa literária com uma história que expõe a misoginia, a corrupção corporativa e os segredos podres de uma família que faria os Lannister de Game of Thrones parecerem amadores.Larsson deve ter pensado: “Vou transformar a Suécia, esse país de lagos e móveis minimalistas, num pesadelo gótico com nazistas, incesto e hackers punk”. e conseguiu.

Super Blomkvist, um jornalista que cai de paraquedas em uma investigação de 40 anos, e Srta Salamandra, uma hacker com mais cicatrizes que tatuagens, formam a dupla mais disfuncional desde Bonnie e Clyde. Enquanto Blomkvist revira álbuns de família empoeirados, Lisbeth invade computadores e quebra ossos com a mesma facilidade que você abre um pacote de biscoito.

A primeira metade do livro é mais lenta que fila de banco em dia de pagamento: Larsson gasta páginas descrevendo a árvore genealógica dos Vanger (chato pra dedéu) e os dilemas éticos do jornalismo investigativo (mais chato ainda). Mas quando Lisbeth entra em cena, a coisa pega fogo. Ela não é só uma hacker genial; é uma máquina de vingança que enfrenta abusadores com uma motosserra e um olhar que congela a espinha. Enquanto isso, a família Vanger revela segredos tão nojentos que você vai torcer para que alguém jogue gasolina e acenda um fósforo. O auge? Uma cena de tortura que mistura Dexter com O Iluminado,perturbadora, mas impossível de largar.

Larsson, que era jornalista e ativista, claramente queria denunciar a misoginia, mas às vezes parece que ele usou um martelo onde uma agulha bastaria. Todo capítulo começa com estatísticas de violência contra a mulher, e os vilões são tão caricatos que parecem saídos de um manual “Como Ser um Machista no Século XXI”. Blomkvist, com seus casos amorosos dignos de novela das 9, é o típico “bom moço” que dorme com metade de Estocolmo, enquanto Lisbeth carrega o peso de ser a única mulher inteligente do livro. A mensagem é poderosa, mas a execução oscila entre genialidade e sensacionalismo barato.

No fim, a obra sobrevive como um monumento literário à arte de chocar com propósito. Larsson pode ter exagerado nas estatísticas e vilões cartunescos, mas sua denúncia da misoginia é tão incisiva quanto uma facada da Srta Salamandra. Enquanto Super Blomkvist, o herói convencional, explode num thriller psicológico à la CSI Suécia, Lisbeth, com sua motosserra moral e código de ética hacker, dinamiza a trama ao provar que a revolução começa quando uma mulher deixa de ser vítima e se torna algoz. Afinal, quantos autores transformam uma hacker antisocial em símbolo de resistência, fazendo você torcer para que uma família inteira arda no inferno? Larsson sabia que, para combater monstros, às vezes é preciso criar um deles.

Erick

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