Baseado no romance de William S. Burroughs, Queer é um filme de romance com temática LGBT que mostra, de forma episódica, detalhes da vida de um expatriado dos Estados Unidos no México cuja vida muda ao se apaixonar por um rapaz mais jovem.
Estreando no Festival de Veneza, sendo aclamado pelos críticos como um dos melhores de 2024, com o ex-007 Daniel Craig no papel principal. É importante destacar a atuação de Craig, pois, em seu trabalho anterior, ele ficou marcado como um estereótipo do sonho de poder heterossexual masculino, personificado em James Bond. Em Queer, Craig interpreta um personagem completamente oposto: um homem de meia-idade que aceita sua fragilidade em busca de um amor mais jovem. Não à toa, foi indicado a vários prêmios na categoria de melhor ator.
Qualidade Técnica e Roteiro de Queer
Apesar das atuações, o charme do filme está principalmente na qualidade técnica, especialmente na montagem, que utiliza sobreposições e transições para, mesmo em cenas com poucos ou quase nenhum efeito especial, encantar o espectador. A narrativa, que tem mais de duas horas, torna-se pouco cansativa graças a essas técnicas. A composição das imagens ajuda o espectador não apenas a se maravilhar com os cenários e figurinos coloridos e bem escolhidos, mas também a entender os sentimentos ocultos dos personagens, facilitando a transmissão das mensagens dos atores.
Além do excelente trabalho com cenários, figurinos e escolha dos atores, o filme conta com músicas imersivas que guiam a história e transmitem a emoção correta ao espectador, contextualizando a narrativa adequadamente.
Apesar dos muitos acertos, o filme tem problemas principalmente em seu roteiro, que busca uma abordagem episódica com histórias entrelaçadas de início, meio e fim. O problema é que nem todas essas histórias são interessantes na tela, e mesmo a qualidade técnica não consegue manter a atenção como deveria. Assim, o filme apresenta uma introdução de personagens, três histórias principais e um epílogo. Em uma dessas histórias, Daniel Craig, de forma aleatória, se transforma em uma espécie de Proto Indiana Jones LGBT, algo interessante, mas que pouco se relaciona com a ambientação das histórias anteriores.
Conclusão
Queer é, sem dúvida, um filme bem feito e planejado, com boa ambientação e ótimos atores. Craig fez um excelente trabalho como protagonista, mas ainda assim é um filme que dividirá opiniões. Alguns, mais abertos à psicodelia e que encontrarem pontos em comum com a história dos personagens, certamente se apaixonarão pela narrativa. Contudo, aqueles que buscam entretenimento de fim de semana podem se frustrar, pois, apesar de ser um filme tecnicamente bom, como a história é construída pode resultar em uma experiência mediana para esse segundo tipo de público.