José Alberto “Pepe” Mujica Cordano foi presidente do Uruguai de 2010 a 2015. Com uma agenda diferenciada, destacou-se por ser um dos primeiros presidentes do mundo a liberar o uso de canábis em seu país.
O documentário “Os Sonhos de Pepe” acompanha o ex-presidente uruguaio em suas viagens pelo mundo e seus deveres políticos. O filme se destaca pela palavra “sonho”, principalmente quando utiliza imagens sobrepostas para criar uma ilusão de que nada faz sentido. Vemos peixes voando pelas ruas de Nova York, ao mesmo tempo, em que há um trabalho de cores puxadas para o amarelo e o azul, como se nenhuma daquelas imagens fosse verdadeiramente real.
No entanto, o teor político do documentário se sobressai mais do que sua qualidade técnica. O filme tenta mostrar Pepe não como uma figura política, mas como um exemplo de ser humano. Faz isso justamente tornando cada palavra do ex-presidente um discurso impactante, utilizando a música para torná-lo mais épico, mesmo que suas falas, embora importantes, não tenham impacto para tal sentimento.
Ao prosseguir por essa abordagem e repeti-la mais vezes do que deveria, o filme, que poderia ser além de uma propaganda do ex-presidente e de toda a causa que defende, torna-se cansativo e monótono, como um comercial de algum produto supérfluo, vendido na televisão como se fosse a maior inovação do mundo.
“Os Sonhos de Pepe” é um filme emblemático que poderia ser um filme impactante que simbolizasse a luta do ex-presidente por um mundo mais igualitário. No entanto, devido aos seus excessos, acaba por se tornar brega e pouco convidativo. Uma pena.