Em algum momento, algum produtor disse: “O gênero de western está morto”. Érico Rassi, que assina a direção do filme Oeste Outra Vez, escuta esta frase e dá uma gargalhada.
A História
Oeste Outra Vez se caracteriza por sua história simplória, porém bem executada, e serve como um lembrete de que uma frase bem colocada no momento certo é superior à pirotecnia e ao exagero de efeitos especiais.
Na história, acompanhamos um homem que, ao ser trocado pela mulher que ama, decide contratar um matador para se livrar de seu adversário romântico. No entanto, quando o plano dá errado, ele precisa fugir da vingança de seu competidor.
Personagens e Cenários
O filme, que tem estreia prevista para os cinemas comerciais em março deste ano, fez sua pré-estreia nacional na 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes. Quem assistiu à sessão lotada elogiou amplamente, e com razão. A rivalidade entre Ângelo Antônio e Babu Santana mostra dois homens contrários que usam o interesse pela mesma mulher para justificar sua necessidade de controle.
O personagem de Ângelo prefere contratar alguém para matar o adversário romântico, a simplesmente perguntar à mulher se ela tem interesse em voltar para ele. Por outro lado, o personagem de Babu usa brigas físicas para manter sua “posse”, ao invés de dialogar com a mulher. O filme conta a história de dois homens controladores que, devido ao seu desejo de posse, criam situações que movimentam a narrativa. O filme evoca clássicos como Johnny Guitar, onde dois homens brigam pelo amor de uma mulher, sem saber se ela realmente deseja algum deles.
As comparações com o gênero se expandem quando o filme faz uso dos cenários do interior de Goiás, mostrando um ambiente esquecido e à margem da sociedade moderna, onde a poeira e a sujeira se misturam com as belas paisagens locais.
Para ambientar e deixar a história ainda mais interessante, o filme utiliza as famosas músicas “de dor de cotovelo”, em especial Tudo Passará de Nelson Ned. Essa música ambienta o filme e expressa exatamente os sentimentos dos personagens ao longo da história.
Conclusão
Oeste Outra Vez é um exemplo de que o cinema brasileiro não precisa ficar preso no eixo Rio e São Paulo, e que boas histórias podem ser encontradas em todo o território nacional. Fazer sua estreia numa mostra como a de Tiradentes reforça a ideia de que o cinema brasileiro está vivo e cada vez mais resistente. O filme, que estreia em março, não somente será uma boa pedida para o fim de semana, como também um forte candidato a clássico moderno do cinema brasileiro.
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