Na noite de 1º de setembro, o Jornal Nacional celebrou seu aniversário e anunciou a saída de William Bonner da bancada após décadas de atuação.
Bonner, que além de apresentar o telejornal vespertino, também é editor-chefe do principal jornal televisivo do país, deixará a bancada a partir de 3 de novembro. César Tralli assumirá seu lugar, dividindo a apresentação com Renata Vasconcellos. Já em 2026, o mais longevo apresentador da história do telejornal estará ao lado de Sandra Annenberg no Globo Repórter.
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A transição de William Bonner
A saída de Bonner do JN é muito mais do que uma dança das cadeiras, mas a representação de um momento de mudança na televisão brasileira. Nos acostumamos a imaginar a figura de Bonner no jornalismo diário, e toda uma geração pensa nele quando imagina a palavra “jornal”. No entanto, nos últimos anos, a imagem de Bonner tornou-se controversa, refletindo a polarização política e gerando reações tanto de admiradores quanto de críticos.
Em suas redes sociais, especialmente no Instagram, Bonner tentou se distanciar da imagem criada ao longo dos anos. O apresentador usa o espaço para mostrar os bastidores do jornalístico, relembrar momentos de sua trajetória, sua coleção de carros antigos e, em suma, mostrar que, além de apresentador, ele é uma pessoa comum.
Basta, porém, olhar para outra rede, o X (antigo Twitter), e comentários agressivos, acusando-o de ser partidário de político X ou Y, ganham forma, a ponto de que, caso esta mudança não fosse feita logo no Jornal Nacional, em 2026, ano da próxima corrida eleitoral brasileira, sua figura poderia ficar ainda mais manchada devido à disputa, o que, consequentemente, respingaria no jornal em si.
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Uma nova fase no jornalismo
A saída de Bonner marca mais do que uma mudança, mas uma tentativa de reformulação, principalmente pelo fato de que, se antes o apresentador era o editor-chefe, a partir de novembro, esta não será a realidade, visto que Tralli será somente o apresentador, enquanto a atual editora adjunta, Cristiana Sousa Cruz, será promovida.
O editor-chefe define a linha editorial do jornal, supervisiona as pautas e toma decisões estratégicas para garantir sua qualidade, ética e apresentação ao público. Por outro lado, o apresentador representa o jornal na TV, conectando a redação e o público, transmitindo informações com clareza e confiança, e simbolizando a credibilidade institucional. Ao acumular as funções, Bonner assumiu uma grande responsabilidade.
A nova fase do Jornal Nacional busca separar a imagem institucional do apresentador, permitindo que ele atue sem representar sozinho a autoridade da informação oficial.
Já a saída de Bonner do posto que ocupou por quase três décadas não é apenas uma decisão profissional; ela reflete uma mudança mais ampla no jornalismo televisivo. Ao migrar para o Globo Repórter, ele se afasta da linha de frente do noticiário diário, assumindo um papel mais investigativo e narrativo, em um formato que, ironicamente, permite uma proximidade com o público de outra natureza, menos tensa e politizada.
Para a Globo, essa é uma oportunidade de se tornar menos centralizada e mais diversificada. Para Bonner, talvez seja o início de um capítulo mais leve — e mais humano — de sua trajetória.