O filme nacional “O Agente Secreto”, com Wagner Moura, foi o escolhido para representar o Brasil na disputa pelo Oscar. Mas fica a pergunta: vale a pena assistir?
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Na História:
Após despertar a ira de poderosos, um homem precisa se esconder em Recife e aproveita para buscar documentos de sua falecida mãe. Porém, quando descobrem sua localização, ele precisa cumprir sua missão e tentar sobreviver.
Ditadura sob Nova Ótica
A Ditadura Militar foi um dos momentos mais sombrios da história do Brasil, e o cinema conseguiu entender essa dor e explorá-la como forma de lembrar seus ocorridos e, principalmente, servir como um aviso para podermos não repetir os erros do passado. Diferente de outras obras que exploram este período, “O Agente Secreto” busca trabalhar a época por outro viés. Ao invés de mostrar um homem lutando contra um estado, aqui, a corrupção e principalmente a sombra do governo atuam como vilão. Não vemos cenas de torturas, ou mesmo militares atuando como juízes e executores, mas sim homens falhos levados por seu ego e vendo em suas armas a forma de causar medo e, principalmente, de expor sua virilidade.
Wagner Moura cria um personagem que, apesar do medo das circunstâncias em que está envolvido, precisa se manter forte, principalmente em respeito a seu filho e seu sogro, pessoas que não deveriam estar na situação em que ele se encontra. Como o ator entrega tais conflitos emocionais de seu personagem reforça a máxima: “um ator não interpreta, ele vive o personagem”, e vemos isto tanto em seu olhar como em sua linguagem corporal.
A Genialidade de Kleber Mendonça Filho
Talvez o ponto-chave deste filme seja a loucura que é a direção e, principalmente, o roteiro de Kleber Mendonça Filho. O longa, mesmo que em alguns momentos pareça se perder em saltos temporais e subversões, consegue criar uma história ritmada que causa angústia ao espectador conforme os acontecimentos se desenrolam, sempre com uma pitada de humor satírico que, além de reforçar a violência em cena, demonstra que a mais terrível das atrocidades deve ser questionada, mesmo que com leveza.
“O Agente Secreto” é, merecidamente, um bom representante do cinema nacional e certamente está apto à categoria de clássico moderno do cinema. O longa consegue tecer críticas com humor, violência e muita reflexão.