O cinema, como arte, talvez seja a forma mais difícil e, ao mesmo tempo, desconcertante de expressão. Um filme, ao transmitir mensagens apenas por imagens, pode variar entre mero entretenimento superficial ou tornar-se uma obra grandiosa, digna de reconhecimento e aplausos. Porém, existe uma zona cinzenta, um lugar especial onde poucos filmes conseguem chegar: a zona do desconforto reflexivo. Filmes nesta proporção são aqueles cuja mensagem é impactante que se torna mais importante que o filme em si. É nesta zona que “Guarde o Coração na Palma da Mão” se encontra.
O longa-metragem documental, dirigido por Sepideh Farsi, chega aos cinemas no dia 27 de novembro, com distribuição da Filmes do Estação, uma distribuidora nacional que vem a cada ano trazendo várias surpresas para o cenário brasileiro. Neste novo filme, assistimos a uma entrevista da diretora, Sepideh Farsi, com Fatma Hassona, uma mulher palestina que está presa na Faixa de Gaza em meio aos bombardeios de Israel. A diretora, por meio das entrevistas, conhece a personagem a fundo, entendendo, principalmente por seus olhos, como é estar em uma situação onde a qualquer momento sua vida pode ser tirada.
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A Esperança em Meio ao Caos
Diferente de outros filmes que lidariam com esta questão de forma pessimista, Hassona se apresenta principalmente como sendo uma fagulha de esperança. Ela retrata os mais terríveis acontecimentos com a leveza com que uma mãe conta uma história de ninar para sua criança. Uma mostra de que a fé e, principalmente, a positividade pode prevalecer nos momentos mais terríveis. O documentário, feito por entrevistas em videochamada, torna-se gradualmente angustiante ao mostrar destruição e perdas familiares, revelando o peso humano do conflito em Gaza. E mesmo assim, vemos o sorriso de esperança de Hassona até o fim.
Poucos filmes conseguem trazer angústia e reflexão enquanto tratam de assuntos delicados, porém a positividade e o carisma da personagem, sua forma de ver o mundo, e sua esperança ajudam a entendermos que neste mundo globalizado, cheio de conflitos e inseguranças, o sorriso e a alegria devem sempre prevalecer, mesmo quando não parece haver mais esperança.
Infelizmente, no dia 16 de abril de 2025, Fatma Hassona faleceu devido a um ataque israelense. Felizmente, sua mensagem, sua poesia e, principalmente, sua alegria está registrada na tela do cinema, e merecem ser compartilhadas.
