Dormir de Olhos Abertos é uma coprodução brasileira, alemã, taiwanesa e argentina que promete explorar os dilemas e a realidade dos trabalhadores estrangeiros no Brasil.
A trama gira em torno de uma turista de Taiwan que chega a Recife com o coração partido. As adversidades de sua viagem a fazem encontrar em cartões-postais histórias de trabalhadores imigrantes que moram em um luxuoso prédio local.
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A experiência artística e a barreira do idioma
Produzido por Kleber Mendonça Filho, é definido como uma “comédia silenciosa”, mesmo parte cômica sendo pouco explorada. Apostando em uma narrativa dividida, como se dois filmes coexistissem no mesmo espaço de tela: de um lado, temos a história de uma turista e, do outro, a de uma imigrante que, aos poucos, reconhece as adversidades que vive.
O longa ainda é competente em tratar os desafios e as adversidades impostas pelos idiomas. A barreira linguística, além de ser um desafio, pode ser definida como a verdadeira vilã da história, impedindo que seus protagonistas evoluam e causando empecilhos que os distanciam de seus objetivos.
Outro ponto a destacar na obra é como a cidade de Recife é retratada. Mesmo grande parte da trama se passar num prédio residencial que funciona ora como moradia, ora como prisão, a cidade cumpre um papel narrativo cultural que apresenta, principalmente para nós brasileiros, como somos vistos pelos olhos de uma cultura distinta.
Apesar dos notáveis pontos positivos, possui um ritmo demasiado que abre espaço para reflexões e respiros, torna momentos da trama entediantes e, principalmente, desnecessários.
Dormir de Olhos Abertos é certamente uma experiência artística notável e uma obra que causa reflexões e impacta o espectador. Embora uma parcela do público possa considerar seu ritmo problemático, muitos ainda devem dar uma chance de apreciar essa obra e, acima de tudo, valorizá-la