Baseado na história real da freira empreendedora e primeira santa norte-americana, “Cabrini” é o novo filme da Angel Studios, feito pelos mesmos criadores do aclamado “Som da Liberdade”.
História: Com o sonho de criar um orfanato para auxiliar as crianças do Oriente, a freira Francisca Xavier Cabrini(Cristiana Dell’Anna) faz um acordo com o Papa e viaja para Nova York a fim de provar que suas ideias podem ser realizadas. Porém, logo ela descobre que o sonho americano vendido para os imigrantes não passa de pura ficção. Agora, ela deve enfrentar adversidades e se provar como líder e como mulher.
Pontos positivos: Os Estados Unidos da América sempre foi vendido como um lugar próspero, onde um imigrante poderia começar um emprego simples e, em pouco tempo, estaria conquistando uma casa e mesmo adentrando em círculos sociais nobres da sociedade. Quando, na realidade, poucos de fato conseguem tal proeza, e este filme é honesto em tratar desse assunto.
Cabrini chega às terras do Tio Sam liderando um grupo de freiras a fim de estabelecer seu orfanato e cuidar das crianças carentes. Porém, logo percebe que, por ser italiana, não é vista pelos nativos como uma pessoa de fato, mas sim como um ser inferior, e logo se depara com seus compatriotas na mesma situação. Ao tocar nessas questões, o filme deixa claro que o preconceito hoje sofrido por imigrantes latino-americanos naquele país é mais antigo do que o próprio soneto, algo enraizado em sua cultura.
O filme não faz cerimônias ao tratar do tema, mostrando favelas, pessoas se abrigando no esgoto, vivendo à margem da sociedade, sempre com figurinos sujos e uma fotografia escura clássica que ajuda a ambientar o espectador e ampliar a emoção dos discursos, que, envoltos em músicas sutis, constroem a emoção adequadamente em cada cena. Outro ponto a se considerar são os efeitos de computação gráfica que auxiliam a ambientar uma Nova York nos anos de 1800.
Pontos negativos: Apesar de se tratar de uma história de empreendedorismo clássica, mostrando os valores e adversidades da protagonista, o filme peca justamente em estabelecer seu principal antagonista, preferindo focar muito mais nas adversidades do tempo e da sociedade, diminuindo a força do confronto final, que se torna corrido e pouco satisfatório.
Se a crítica ao sonho americano é um acerto no filme, a repetição de discursos e ideias torna-se cansativa. Por exemplo, em dado momento, a protagonista escuta que não consegue realizar determinada tarefa, e o filme faz questão de relembrar tal afirmativa de várias maneiras distintas. Como resultado, algo que poderia servir de motivação para prosseguir a história se torna simplesmente um artifício preguiçoso.
Outro ponto que peca é o excesso de personagens que surgem e somem da trama simplesmente por conveniência e não por necessidade, impedindo que o espectador sinta real importância em sua presença.
Conclusão: “Cabrini” é uma história inspiradora que, apesar de se tratar da história de uma freira, não usa a fé como artifício narrativo, e sim como um complemento para a ambientação e motivação dos personagens. O filme possui um domínio técnico que chama a atenção e atuações funcionais que auxiliam a trazer drama e reflexão. É um filme que, mesmo com pontos negativos, consegue encantar e entreter, uma boa pedida para quem gosta de histórias de empreendedorismo e superação