Introdução Auto da Compadecida 2
Poucos filmes brasileiros que se tornam clássicos ao ponto de até mesmo novas gerações, que sequer eram nascidas na época de sua estreia, olharem com nostalgia. Talvez Auto da Compadecida, dos anos 2000, seja o melhor exemplo disso. Feito originalmente como uma minissérie de TV, teve a direção de Guel Arraes e adaptava, a peça teatral de Ariano Suassuna, com elementos de outras obras do autor, como O Santo e a Porca.
O filme dos anos 2000 ainda se destaca por seu elenco afiado, que, mesmo com a utilização de textos teatrais, conseguiu conquistar o imaginário do espectador da sala de cinema e entrar na cultura pop brasileira.
Mais de 20 anos depois, a turma que fez história no cinema nacional retorna em Auto da Compadecida 2, uma continuação e, ao mesmo tempo, uma homenagem para os fãs do primeiro filme. Algo curioso, visto que o autor da peça original faleceu aos 87 anos, em 2014, e nunca escreveu uma continuação para o original, deixando a pergunta: que história eles pretendem contar? A resposta para a pergunta é simples: eles contarão a mesma história, porém com elementos diferentes. A trama se inicia com João Grilo e Chicó se reencontrando após 25 anos. Ao perceber que se tornou uma figura conhecida na região, João Grilo tenta tirar proveito disso, e claro, causa confusão.
Interpretação, Crítica Política e Recursos Visuais
Como no primeiro filme, aqui temos atores interpretando teatralmente, mas respeitando os limites do cinema. Assim, as críticas da história que seriam vistas como impactantes tornam-se debochadas, servindo como um guia didático para o espectador do que acontece em nossa realidade e que devemos tomar cuidado com tais figuras.
Exemplo disso é a volta de João Grilo, que se dá em período eleitoral. De um lado, temos uma figura autoritária que usa do dinheiro e dos recursos para tirar proveito de seu povo e conseguir se eleger. Do outro, temos um comerciante que utiliza da mídia para ganhar dinheiro e, ao mesmo tempo, usar do entretenimento como palanque para suas ambições políticas. Ambos acabam, evidentemente, por cair nas artimanhas do protagonista.
A crítica política talvez seja uma das diferenças em relação ao primeiro filme. Mesmo que este use elementos distintos, como cenas em animação e computação gráfica para tentar impactar o espectador, isso não ocorre como deveria, pois, a forma caricata dos recursos visuais acaba por passar um aspecto de falsidade. Este aspecto tira a imersão e limita o filme a ser um produto de seu tempo, diferente do primeiro, que, ao apostar na simplicidade, conseguiu criar uma obra atemporal.
Outro ponto de destaque, são os novos personagens que transmitem diversão e ajudam a diferenciar a trama, algo que encanta e tira risadas do espectador.
Conclusão
Auto da Compadecida 2 é mais uma nova adaptação da peça de Ariano Suassuna para os dias atuais do que propriamente dito uma continuação.
Mesmo com uma história, com novos elementos, ele excessivamente se prende ao antecessor, chegando ao ponto de se comparar ao mesmo. Ainda assim, é um filme divertido para assistir no fim de semana e deve agradar os fãs ferrenhos que poderão reencontrar os personagens que amam. Mas, infelizmente, dificilmente ele será um clássico do cinema tal qual o primeiro.
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