A Ditadura Militar é uma mancha na história do Brasil, porém, esta não é uma chaga exclusiva do nosso país, mas sim uma tragédia encontrada por toda a América Latina. Em “As Vitrines”, novo filme com distribuição da Filmes do Estação, somos apresentados a uma nova ótica deste momento histórico.
Inspirado nas memórias da própria diretora, Flávia Castro, o filme que fez sua primeira exibição no Brasil no Festival do Rio de 2025 conta a história de um grupo de pessoas que, após o golpe de Pinochet no Chile, consegue refúgio na embaixada da Argentina no Chile e busca formas de sair do país.
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A Perspectiva Infantil
Um dos pontos que mais chamam a atenção no longa é como a história é conduzida pela perspectiva de duas crianças. Esta decisão narrativa permite que, da mesma forma que elas descobrem os horrores dos acontecimentos, nós como público também descubramos. A direção de arte também é um acerto do longa. Cores verdes e saturadas se relacionam com a luz e a sombra, mostrando que, mesmo estas pessoas estando presas e com a esperança limitada, elas ainda conseguem momentos de lazer e de descanso.
Todavia, as passagens de tempo sucessivas e o excesso de personagens em alguns momentos tornam-se exagerados, e cenas que poderiam ter um impacto maiores são minimizadas, como, por exemplo, a descoberta do jovem protagonista, vivido por Gael Nórdio, sobre o paradeiro de sua mãe.
Mesmo com estes problemas, o impacto de “As Vitrines” e, principalmente, a sensibilidade como o tema é abordado se sobressai, tornando-se um filme não somente necessário, como um ótimo exemplo de filme que poderia ser exibido para jovens e adolescentes no ensino médio em aulas de história. Certamente um filme memorável.
