Introdução
O novo filme da Angel Studios, A Redenção: A História Real de Bonhoeffer, conta a história real de um pastor que, levado às loucuras do regime imposto ao seu país, decide se juntar a uma trama complexa para matar o ditador Adolf Hitler.
Um líder religioso ser testado ao ponto de se envolver em uma trama para matar um ditador, por si só, é uma ideia digna de filme. Ao se tratar de uma história que de fato aconteceu com o pastor luterano Dietrich Bonhoeffer, permite inúmeras possibilidades criativas ao diretor Todd Komarnicki.
Pontos positivos
Todd Komarnicki estava afastado da direção de longas-metragens desde 2003, mesmo tendo trabalhado em alguns filmes. Em A Redenção, ele parece correr atrás do tempo perdido. Vemos isso na forma criativa como conta uma história dividida em várias épocas, diferenciadas pela utilização de luz, tornando-a mais próxima do azul melancólico no tempo presente, enquanto o passado é cada vez mais amarelado. Com exceção da cena final, em que ele inverte acertadamente o conceito de cores de tempo para causar emoção conforme a história avança.
Outra decisão acertada, desta vez na parte do roteiro, que Komarnicki também assina, focou mais nas motivações do protagonista do que na contextualização política, que, mesmo relacionada, conduz a história para momentos de melhor identificação com o espectador.
Pontos negativos
Em contrapartida, se as escolhas técnicas foram primorosas, o mesmo não pode ser dito da forma como o elenco foi conduzido, tanto em diálogos quanto em atuação. O texto proferido pelos atores, em dado momento, torna-se caricato e repleto de frases de efeito que não acrescentam à história. Já o protagonista, interpretado por Jonas Dassler, é quem mais sofre. Ao longo do filme, ele parece não condizer com a importância ou mesmo com a imponência que seu personagem deveria ter. Porém, em sua cena final, e principal cena do filme, vemos um desempenho de atuação superior a tudo feito até então no filme, ficando a pergunta: se ele sabia atuar tão bem assim, por que não fez isso durante todo o filme? Seria este um erro de direção ou uma estratégia pré-concebida para ampliar a emoção do espectador?
De qualquer forma, o filme ainda possui um último ponto negativo: as músicas, que, na tentativa de fazer o espectador chorar, acabam por se tornar cansativas e repetitivas, de forma que, em alguns momentos, elas entregam o que está prestes a acontecer, quebrando a surpresa do espectador.
Conclusão
A Redenção: A História Real de Bonhoeffer é um filme que deverá agradar o público apaixonado por filmes, histórias e, em especial, pela Segunda Guerra Mundial. Seu personagem remissivo causa surpresa à primeira vista. Os efeitos visuais e a qualidade técnica, que se estendem aos figurinos e ambientações, ajudam a contar uma boa história corretamente, mesmo que a palavra final seja decepção. Esta não é dita pelo filme ser ruim, mas sim por ele não conseguir ser bom o suficiente para o que a história se propõe ou mesmo merecia ser.
Cabrini (2024): Filme Inspirador da Primeira Santa Norte-Americana| Crítica