O novo filme nacional de Anna Muylaert, A Melhor Mãe do Mundo, promete apresentar uma visão comovente sobre uma terrível realidade vivida por muitas mulheres.
A força de uma mãe em fuga
Na história, acompanhamos uma mãe que, após sofrer repetidas agressões de seu marido, decide fugir de casa com os filhos a fim de protegê-los — e também de se proteger.
Falar sobre violência no cinema é algo que precisa ser feito com cuidado, principalmente por se tratar de um tema que pode servir como gatilho para pessoas que vivenciam essas situações. Felizmente, A Melhor Mãe do Mundo cumpre esse papel com sensibilidade e maestria. O filme, em nenhum momento, cria desculpas para a violência ou se prende à sua exploração. Aqui, vemos a luta de uma mãe que, mesmo sem recursos, ferida física e emocionalmente, faz o possível para proteger seus filhos — ainda que, para isso, precise omitir partes da realidade.
O brilho do diamante secreto | Crítica
Atuações marcantes e escolhas visuais poderosas
Quanto à atuação, Shirley Cruz consegue entregar naturalidade à sua personagem. Sentimos o peso de sua responsabilidade e de suas escolhas, muitas vezes tomadas por desespero e pelo amor aos filhos. Outro destaque é Seu Jorge, que constrói um personagem que, mesmo sem demonstrar abertamente atos de violência, nos faz compreender seu lado abusivo pela forma como sua personalidade transparece em cena.
Na parte técnica, o filme faz a interessante escolha de esconder a cidade de São Paulo, seja por ângulos de câmera ou pela composição visual. Dessa forma, embora entendamos que a história se passa ali, temos a sensação de que ela poderia acontecer em qualquer cidade do mundo. Afinal, a trajetória vivida pela personagem de Cruz é, infelizmente, a realidade de inúmeras mulheres — não apenas em São Paulo.
Mesmo com algumas repetições narrativas, o filme consegue prender o espectador do início ao fim. Até mesmo personagens que, a princípio, parecem irritantes, revelam seu propósito ao longo da trama. É um filme impactante, que comprova que boas histórias ainda existem no cinema nacional.
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Conclusão
Anna Muylaert, que já emocionou o público com o clássico Que Horas Ela Volta?, entrega mais um marco para o cinema brasileiro. Uma história atemporal, de forte relevância social, que merece ser vivida no esplendor de uma boa sala de cinema.