Com roteiro de Walter Salles e em uma coprodução da França, Espanha e Chile, A Contadora de Filmes promete ser uma carta de amor ao cinema, ao mesmo tempo que uma boa adaptação do livro do premiado autor chileno Hernán Rivera Letelier. No vídeo de hoje, vamos discutir os pontos positivos e negativos deste filme, que cumpre vários quesitos para ser um possível candidato a clássico do cinema.
Meu nome é Hugo Montaldi e eu falo sobre cinema todos os dias a partir das 17h, então já curta e siga para não perder.
História
Acompanhamos a vida de uma família simples que vive em uma vila de operários, e que, mesmo pobre, desfruta de alguns luxos, como ir ao cinema aos domingos. Porém, quando o pai da família se acidenta e a grana aperta, este luxo é restringido, cabendo à filha caçula a missão de ver os filmes e contar para a família.
Este filme é sobre o Chile, porém certamente poderia ser sobre o Brasil ou qualquer país da América Latina.
Pontos Positivos
Acho que não teria como começar estes pontos positivos se não começasse refletindo sobre como o filme trabalha o Chile, como uma representação não só de um país, como de toda a América Latina, mostrando um povo trabalhador, dedicado e principalmente esperançoso que historicamente sempre busca formas de se livrar dos infortúnios da vida, da melhor forma possível, mesmo quando diante de um golpe militar, vendo assim no cinema, nas histórias, formas de escapar da realidade, descansar e principalmente, resistir.
Só de pensar já fico arrepiado, principalmente quando percebemos que a forma que a história decide explorar esses aspectos é justamente de forma melodramática, fazendo com que cenas e diálogos pareçam bobos e cafonas como uma cena de novela, algo que novamente conversa diretamente com o público latino-americano que cresceu sendo forjado perante as histórias de folhetins diários. E tudo se amplia quando vemos os cenários bonitos e toda a paleta de cor do filme puxada para o marrom, exaltando a sujeira e poeira, que mostra a simplicidade daquele povo e principalmente sua missão de sobreviver.
Quanto às atuações, o filme é dividido em dois momentos principais, sendo que os eventos principais são guiados pela atriz Sara Becker, que possui um bom destaque e entrega certa naturalidade. Porém, é na atriz mirim Alondra Valenzuela que tiro o chapéu. Ela consegue entregar uma personagem fofa e meiga que é forjada do cinema e que consegue, sutilmente, mostrar a transformação necessária e que prepara o terreno para sua colega já citada.
Depois de tantos elogios, você deve achar que achei este filme perfeito, né? Mas, como eu sempre digo aqui neste canal, não existe filme perfeito. Então, antes de irmos para os pontos negativos, estou gravando este vídeo às… (comente que horário você está assistindo).
Pontos Negativos
Enquanto a história, a ambientação e a atuação estão no charme deste filme, o mesmo não se repete na escolha de cenas da montagem, que acabam por repetir informações em sequência a fim de reforçar a mensagem e fazer um paralelo com o poético. Mas acaba por deixar a história arrastada em momentos-chave. Se somado com a tentativa constante, em especial no terceiro ato, das músicas quererem forçar um choro no espectador e causar emoção, faz com que toda a homenagem ao cinema feita nos dois primeiros atos se torne muito mais uma cópia de uma novela do que de fato uma homenagem ao cinema, algo que por si só não é ruim, porém diminui a força que o filme poderia ter.
Algo que se estende por todo o terceiro ato até o final, que apresenta um final que, mesmo belo, não é nenhum pouco satisfatório, principalmente para a grandiosidade da história construída.
Conclusão
A Contadora de Filmes consegue ser uma boa homenagem ao cinema e à América Latina na totalidade. É difícil assistir a este filme, que se passa no Chile, e não imaginar que ele poderia se passar no nordeste brasileiro. Sua mensagem, passada de forma poética, consegue encantar os apaixonados, mesmo com um final não muito satisfatório. E acaba sendo uma boa pedida para quem é apaixonado pelo cinema. Por algum motivo, acho que ele tem uma boa vibe de filme para assistir com a avó, não sei explicar… bem, fica a recomendação: leve sua avó no cinema.